O pastejo é, sem dúvida, a “caixa de abelha” da pecuária brasileira: todo mundo sabe que precisa fazer bem feito, mas poucos realmente fazem. O resultado é um sistema produtivo que vive em uma montanha-russa, ganhando dinheiro nas águas e perdendo tudo na seca.
Neste artigo, você vai entender o que é o sistema de pastejo ultradenso, como ele se diferencia dos modelos convencionais e por que ele tem se mostrado uma ferramenta poderosa para aumentar arrobas por hectare, previsibilidade e rentabilidade, mesmo em áreas pequenas.
O Grande Problema do Pastejo Convencional no Brasil
A maioria das fazendas enfrenta os mesmos desafios todos os anos:
- Produção irregular ao longo do ano
- Perda de desempenho na seca
- Baixa eficiência na colheita do capim
- Dependência excessiva do clima
- Ganho individual instável dos animais
O produtor até planta bem, aduba corretamente, escolhe o capim certo… mas não sabe colher pasto. E é justamente aí que está a maior falha do sistema tradicional.
O Que É o Sistema de Pastejo Ultradenso?
O pastejo ultradenso não é um capim novo, nem uma raça diferente, nem uma “bala de prata”.
Ele é, antes de tudo, uma forma diferente de colher o pasto.
Definição prática
Pastejo ultradenso é o manejo que coloca mais animais na menor área possível, pelo menor tempo possível, com trocas frequentes e alto controle do consumo.
Esse conceito surgiu há mais de 70 anos no sul da África e foi amplamente desenvolvido no Mercosul. No Brasil, ainda enfrenta resistência por desconhecimento e quebra de paradigmas.
Pastejo Ultradenso x Pastejo Convencional
Principais diferenças
Pastejo Convencional Pastejo Ultradenso
Baixa lotação Alta lotação
Permanência de dias no piquete Permanência de horas
Colheita desigual do capim Colheita uniforme
Oscilação nutricional Constância nutricional
Ganho instável Ganho previsível
Baixa arroba/ha Alta arroba/ha
No sistema ultradenso, o animal come hoje, amanhã e depois a mesma qualidade de forragem, reduzindo oscilações de desempenho e consumo de suplemento.
A Relação do Pastejo Ultradenso com o Pastejo Racional Voisin
Muitos associam o ultradenso ao Pastejo Racional Voisin (PRV), e com razão.
O sistema respeita as principais leis de Voisin:
Tempo correto de ocupação
Tempo adequado de descanso
Regularidade de produção
Colheita eficiente
A diferença é que o ultradenso leva esses princípios ao limite da eficiência, reduzindo ainda mais o tempo de ocupação e aumentando a densidade animal.
Por Que a Cerca Elétrica é Fundamental no Pastejo Ultradenso
Não existe pastejo ultradenso sem flexibilidade de cercamento.
Vantagens da cerca elétrica móvel
Custo muito menor que cercas convencionais
Alta mobilidade
Ajuste rápido do tamanho dos piquetes
Possibilidade de sistemas híbridos (fixo + móvel)
Com carretéis, estacas móveis e bom planejamento, um único operador consegue manejar grandes lotações com facilidade.
O Papel da Nutrição no Pastejo Ultradenso
Um erro comum é achar que o ultradenso dispensa suplementação. Pelo contrário.
Princípio-chave
👉 Suplemento não substitui pasto. Ele complementa.
O ajuste nutricional correto:
Evita efeito substitutivo
Aumenta ganho individual
Maximiza ganho por área
Mantém desempenho constante
Na prática, níveis de suplementação entre 0,3% e 0,5% do peso vivo têm mostrado excelentes resultados, especialmente quando alinhados ao manejo do capim.
Resultados Práticos: Arrobas por Hectare Importam Mais que Ganho Individual
No pastejo ultradenso, o foco muda:
Menos obsessão por “kg/dia”
Mais foco em arrobas por hectare
Resultados observados em áreas de sequeiro:
Até 7 animais por hectare
Produção superior a 4,5 arrobas/ha
Redução do custo por arroba produzida
Maior previsibilidade financeira
Mesmo quando o ganho individual é ligeiramente menor, o resultado final da fazenda é muito superior.
Funciona em Área Pequena?
Sim — e talvez esse seja o maior diferencial do sistema.
O pastejo ultradenso:
Viabiliza pequenas propriedades
Permite intensificação gradual
Não exige troca imediata de capim
Funciona com braquiária, decumbens, paiaguás e híbridos
O segredo não está no capim, mas no manejo.
Ultradenso é a Salvação da Pecuária Brasileira?
Não.
A verdadeira salvação da pecuária está em:
Melhor recria
Melhor manejo de pasto
Melhor tomada de decisão baseada em dados
O pastejo ultradenso é uma ferramenta poderosa, não uma religião. Ele pode ser adaptado, ajustado e até parcialmente aplicado, já trazendo ganhos significativos.
Conclusão: Até Quando Dá Errado, Dá Certo
O maior aprendizado do pastejo ultradenso é simples:
Quando o capim vira o centro da estratégia, tudo melhora.
Mais matéria orgânica, melhor solo, mais eficiência, mais previsibilidade e mais lucro.
Não existe receita de bolo, mas existe método, observação e ajuste constante.
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